Brilhava indiferente
sob as vagas
esdrúxulo corpo
oscilando na baixa maré
impossível e náufraga
embarcação
cheia de mistérios,
como uma lenda, uma dama
um objeto de
utilidade desconhecida
Que desígnio do
destino atirou-lhe em tal praia, deserta que Crusoé?
Partiu-se e afundou?
Sobreviveram seus tripulantes?
Alguma gaivota observou
seu ocaso?
Significa algo o brilho
do sol contra a aresta
do casco arrombado
do convés?
Ou é apenas o poeta
que busca, perdido, mais que desertos, amigo Crusoé,
na imensa ilha da vida?