domingo, 5 de dezembro de 2010

Um samba

Um samba revela.
Messias
Para os crentes.

Se imerso na dança, percebo,
delicados contornos
costelas, águas-vivas, úteros
ao longo da imprecisa sinergia que martela
surdo, cuíca, agogô.

E questionamos sistemas
nos passos que fincamos
E nos tornamos mais reais
na concentração da dança
quando luzimos em tons variados.

São infinitas possibilidades
Desfeitas em fios, cheiros e saudades
Absolutas alegrias, amores fantásticos, sorrisos imensos,
E seremos isso tudo
Que busco no samba
Que quero e não alcanço.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

PENSAS QUE VOU TE PERDOAR?

Meu ódio vai evoluir, criar raízes e dar sementes
germinar frutos ocos e disformes
fétidos como a discórdia dos que não amam

Minha raiva vai afiar as esquinas do mundo
Retalhar rostos delicados e claros
ensinando a vingança às crianças e aos vegetais

Minha ira arrebentará seus poros e sorrisos
Cuspirá nas suas desculpas e violentará suas memórias
Apedrejará os monges, as mães e as virgens

Talvez assim eu encontre a paz.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Salve o Corinthians

O Corinthians comemora seu centenário. Um século de vida, lutas e glórias. E, como diz o poeta, viver é muito perigoso. Quer dizer que a vida não é fácil e que aquele que reconhece essa condição pode vivê-la mais plenamente. Também por isso sou corintiano, maloqueiro e sofredor – pela realidade da vida, que só pode nos trazer tantas alegrias e surpresas na medida em que, às vezes, também nos traz sofrimento.
Quando um clube, assim como uma classe social, se distancia da dureza material da vida, passa a viver em um mundo imaginário e a acreditar que esse mundo imaginário é a vida real. Tive o imenso prazer de estar presente na festa que aconteceu no Anhangabaú. Realmente, uma festa do povo, digna daquele time que, já na sua fundação foi marcado pela fala, profecia e vaticínio de um de seus fundadores, o alfaiate Battaglia: “O Corinthians é o time do povo, e é o povo quem vai fazer o time”. A imensa festa popular explicitou essa realidade com a força das multidões e a beleza da paixão, desde o tamanho da multidão reunida até a presença dos ídolos do Corinthians.
A festa teve seu ápice quando, embalados pelas baterias das torcidas organizadas, mais de 130 mil pessoas entoaram o hino do clube em uníssono. Tive então a honra de ser apenas mais um naquele povo, e a emoção de compartilhar o amor que mais de 30 milhões de pessoas dedicam, sem esperar nada em troca, à República Popular do Corinthians.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Suicida

Atirei-me do penhasco da vida, suicida e ansiosa
Sempre em busca de mais velocidade, mais atenção
Sempre confiando que não me arrebentaria no concreto
Mas faltaram as mãos que me segurariam pelo cabelo
Faltou o colo que me acalantaria em cafunés e fodas

O voo cego e a sensação de liberdade embotaram
meus sentidos de alumbramento, minha razão de loucura
E, aturdida, passei a confundir o êxtase com a liberdade
A buscar novas mãos e colos, novas paixões e gritos
Mas só então notei que a dor da queda pertence ao cotidiano

Descobrirei, logo, que meus desejos já estavam atendidos
E que sempre haverão novas vontades, já que sou infinita.

domingo, 8 de agosto de 2010

Kondratieff

Previu
Nos limites da ciência
a depressão econômica
conseqüências sociais
Hitler
,
etc

Expunha as fragilidades
e contradições, as vísceras
nuas e visíveis
como o sapo ou rato
da aula de biologia

E como um físico,
traçava trajetórias e via,
sapientia maxima
a realidade se mostrar
em ciclos e tendências

Disse também
que
o capitalismo pode se revigorar
pois crises já aconteceram antes;
E que é o capitalismo senão
a crise?

Fez uma grande descoberta
Nunca deixou de ser comunista

Então Stalin mandou matá-lo.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Ode ao Jornal

Para meu amigo Pedro, o Grande

O tablóide grita a todos das asperezas do mundo
A profusão de gentes tantas e desgraças muitas
Os homens correm
A história explode
quem nos contará, fresco como o pão pela manhã
Inenarráveis antiodes dessa reportagem esfoliante?

As notícias correm
As respostas urgem
Todos os dias, desperto e me abro para o mundo
Esperançoso das soluções todas: temente a Deus
Corro as manchetes
Cotidiano em cinza
Que me escancara, austero, os índices da bolsa e
Os conflitos do Oriente médio Afeganistão Cuba.

Parem todos de correr!
Viu o jornal de hoje?
Explodiu a revolução socialista, em toda a parte
E começamos, todos nós, a escrever com sangue
o jornal nosso de cada dia
humanidade na 1ª página.

Aquele que olha o pampa vê longe

Para meu amigo Juliano

Havia por ali uma guria clarinha
Envolta pelo enorme combate da vida.
Havia também um pequeno combate
Batalha da guerra contra o capital
E ali era um grande pampa
Onde se falava uma língua mágica de índios e cavalos
E se faziam as conspirações
Pelo amor e pela liberdade.
Olhava o cenário através do horizonte
Aspirava o ar que vinha do futuro
E flertava com o povo, com o combate
com a guria clarinha que havia ali
nos pampas da revolução.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Sobre os últimos posts "políticos"

Mudando um pouco o padrão das últimas postagens, notadamente "poéticas", por conta do período eleitoral buscarei também publicar alguns textos, meus ou não, que falem dos assuntos mais candentes do cenário político. Todavia, não deixarei de lado as poesias, contos e crônicas.

Hoje foi um texto do Lessa sobre a mediocridade da atual política econômica, outro do Aziz Ab'Saber, um dos maiores geógrafos do Brasil e do mundo, certamente o maior especialista em Amazônia do mundo, descascando o Aldo Rebelo e o código florestal e, por fim, um do Sócrates, ideólogo da democracia corintiana, sobre a copa do mundo.

Espero que gostem da seleção.

Contrastes

13/07/2010 11:16:50
Sócrates

No Brasil, ou mergulhamos sem avaliar os riscos no oceano do amor cego e destemperado ou assumimos uma postura exclusivamente negativista, minimizando o futebol em sua importância cultural

Neste momento em que se encerra mais um Mundial de Futebol, é interessante voltar a discutir esse esporte por sua importância estética, social, política e tudo o mais que diz respeito às organizações e agrupamentos humanos. Sim, pois é neste megaevento que suas características se manifestam com toda intensidade.

Basta ler as análises extraordinariamente interessantes de José Miguel Wisnik, em Veneno Remédio, um livro imperdível, em que o futebol envolve uma exagerada espetacularização e o endeusamento de suas estrelas como paradigmas do consumismo. E de certa forma suporta o que de mais alienante e manipulador existe na sociedade contemporânea — além de uma excepcional dose de autenticidade, paixão e liberdade, popular e real.

No Brasil, essa dicotomia toma ares de verdadeira obsessão, na qual percebemos uma imensa incapacidade de carrear- simultaneamente paixão e crítica. Ou mergulhamos sem avaliar os riscos no oceano do amor cego e destemperado ou assumimos uma postura exclusivamente negativista, minimizando o futebol em sua importância cultural. Isso ficou claro na incompreensível disputa e nos sérios conflitos entre o treinador e a imprensa durante toda a permanência da Seleção em solo africano.

De um lado, a visão crítica, ainda que muitas vezes manipulada para dar respaldo à organização, mas agredida no supremo direito de informar seu público, e, do outro, uma personalidade irascível e sensível, estimulando o confronto, defendendo causas que, se por acaso foram de certa forma abraçadas quatro anos antes, acabaram por se tornar ultrapassadas pela forma como foram tratadas pelos próprios gestores nos últimos tempos.
Ou seja, de um lado a crítica e do outro a paixão, que nesta metáfora apequenada da sociedade se manifesta na incapacidade de lidar com o contraponto, com a discórdia, enquanto essa não se aproxima do bem-estar.

O embate também nos mostra em toda sua plenitude a realidade conflituosa exposta no futebol, no qual coletivo e individual, pragmático e liberto, alegre e trágico se alternam em um eterno redemoinho que parece nunca acabar. Que leva uma nação pouco habituada ao nacionalismo a estender suas bandeiras a cada quatro anos, como se dela fosse íntimo ou amante.

A mesma torcida que imediatamente após os jogos descarta a bandeira verde e amarela como pano de fundo de uma frustração sem-fim, renegando até a associação de suas cores mais características, como se as mesmas representassem apenas uma região do País distante daquele em que vive e habita, sofre e cora, chora e resmunga. Que enche os bares da vida com o sorriso contagiante característico e que os faz desertos somente porque não conseguimos derrotar um adversário, por melhor que consigamos demonstrar a nossa excelência. Que defende a arte do jogador brasileiro, mas que entende o conservadorismo de jogar pelo resultado, mesmo que abra mão da forma como se vê, se sente e de como é. Afinal, a contradição também faz parte do nosso ser brasileiro.

Voltemos ao consumismo desenfreado, estratosfericamente manipulado nesta Copa do Mundo, ainda que na África, preta, pobre, desprovida de respeito e tradição, por não ser nada mais que um submundo, mas que no futebol podemos considerar como continente emergente e que talvez um dia não muito distante seja participante errático dos que poderiam pleitear o título desta competição, porém só dela, já que o atraso que lhe foi imposto custará séculos de resgate em outras áreas mais nobres e necessárias.
Distorção que também nós, brasileiros, apresentamos, já que representamos o grande império do meio do futebol, exportando gente não só para a Europa – Espanha, Inglaterra, Alemanha e Itália –, como também para os povos mais simples e escondidos do planeta futebol.

Parafraseando o britânico, po-de---mos dizer que no império futebolístico brasileiro “o sol também nunca se põe”. Pois é contrabalançando o grande mercado que se tornou o futebol, voltado para o consumo de massa de todos os coadjuvantes do espetáculo ou que estão no entorno dele, que podemos entender que o ritual, o espetáculo, a dramaticidade, as habilidades estéticas, o coletivismo e a socialização podem perfeitamente fazer repensar quais-quer excrescências sociais.

Do Código Florestal para o Código da Biodiversidade

por Aziz Ab’Saber

Em face do gigantismo do território e da situação real em que se encontram os seus macro biomas – Amazônia Brasileira, Brasil Tropical Atlântico, Cerrados do Brasil Central, Planalto das Araucárias, e Pradarias Mistas do Brasil Subtropical – e de seus numerosos mini-biomas, faixas de transição e relictos de ecossistemas, qualquer tentativa de mudança no “Código Florestal” tem que ser conduzido por pessoas competentes e bioeticamente sensíveis. Pressionar por uma liberação ampla dos processos de desmatamento significa desconhecer a progressividade de cenários bióticos, a diferentes espaços de tempo futuro. Favorecendo de modo simplório e ignorante os desejos patrimoniais de classes sociais que só pensam em seus interesses pessoais, no contexto de um país dotado de grandes desigualdades sociais.

Cidadãos d e classe social privilegiada, que nada entendem de previsão de impactos. Não tem qualquer ética com a natureza. Não buscam encontrar modelos tecnico-científicos adequados para a recuperação de áreas degradadas, seja na Amazônia, , seja no Brasil Tropical Atlântico, ou alhures. Pessoas para as quais exigir a adoção de atividades agrárias “ecologicamente auto-sustentadas” é uma mania de cientistas irrealistas.

Por muitas razoes, se houvesse um movimento para aprimorar o atual Código Florestal, teria que envolver o sentido mais amplo de um Código de Biodiversidades, levando em conta o complexo mosaico vegetacional de nosso território. Remetemos essa idéia para Brasília, e recebemos em resposta que essa era uma idéia boa mas complexa e inoportuna (…). Entrementes, agora outras personalidades trabalham por mudanças estapafúrdias e arrasadoras no chamado Código Florestal. Razão pela qual ousamos criticar aqueles que insistem em argumentos genéricos e perigosos para o futuro do país. Sendo necessário, mais do que nunca, evitar que gente de outras terras sobretudo de países hegemônicos venha a dizer que fica comprovado que o Brasil não tem competência para dirigir a Amazônia (…). Ou seja, os revisores do atual Código Flo r estal não teriam competência para dirigir o seu todo territorial do Brasil. Que tristeza, gente minha.

O primeiro grande erro dos que no momento lideram a revisão do Código Florestal brasileiro – a favor de classes sociais privilegiadas – diz respeito à chamada estadualização dos fatos ecológicos de seu território especifico. Sem lembrar que as delicadíssimas questões referentes à progressividade do desmatamento exigem ações conjuntas dos órgãos federais específicos, em conjunto com órgãos estaduais similares, uma Policia Federal rural, e o Exercito Brasileiro. Tudo conectado ainda com autoridades municipais, que tem muito a aprender com um Código novo que envolve todos os macro-biomas do pais, e os mini-biomas que os pontilham, com especial atenção para as faixas litorâneas, faixas de contato entre as áreas nucleares de cada domínio morfoclimatico e fitogeográfico do território. Para pessoas inteligente s , capazes de prever impactos, a diferentes tempos do futuro, fica claro que ao invés da “estadualização”, é absolutamente necessário focar para o zoneamento físico e e cológico de todos os domínios de natureza dos pais. A saber, as duas principais faixas de Florestas Tropicais Brasileiras: a zonal amazônica e a azonal das matas atlânticas o domínio dos cerrados, cerradoes e campestres: a complexa região semi-árida dos sertões nordestinos: os planaltos de araucárias e as pradarias mistas do Rio Grande do Sul, alem de nosso litoral e o Pantanal Mato-grossense.

Seria preciso lembrar ao honrado relator Aldo Rabelo, que a meu ver é bastante neófito em matéria de questões ecológicas, espaciais e em futurologia – que atualmente na Amazônia Brasileira predomina um verdadeiro exercito paralelo de fazendeiros que em sua área de atuação tem mais força do que governadores e prefeitos. O que se viu em Marabá, com a passagem das tropas de fazendeiros, passando pela Avenida da Transamazônica, deveria ser conhecido pelos congressistas de Brasília, e diferentes membros do executivo. De cada uma das fazendas regionais passava um grupo de cinqüenta a sessenta camaradas, tendo a frente em cavalos nobres, o dono da fazenda e sua esposa, e os filhos em cavalos lindos.

E,os grupos iam passando separados entre si, por alguns minutos. E , alguém a pé, como se fosse um comandante, controlava a passagem da cavalgada dos fazendeiros. Ninguém da boa e importante cidade de Marabá saiu para observar a coluna amedrontadora dos fazendeiros. Somente dois bi cicletistas meninos, deixaram as bicicletas na beira da calçada olhando silentes a passagem das tropas. Nenhum jornal do Pará, ou alhures, noticiou a ocorrência amedrontadora. Alguns de nós não pudemos atravessar a ponte para participar de um evento cultural.

Será certamente, apoiados por fatos como esse, que alguns proprietários de terras amazônicas deram sua mensagem, nos termos de que “a propriedade é minha e eu faço com ela o que eu quiser, como quiser e quando quiser”. Mas ninguém esclarece como conquistaram seus imensos espaços inicialmente florestados. Sendo que, alguns outros, vivendo em diferentes áreas do cetro-sul brasileiro, quando perguntados sobre como enriqueceram tanto, esclarecem que foi com os “seus negócios na Amazônia” (…). Ou sejam, através de loteamentos ilegais, venda de glebas para incautos em locais de difícil acesso, os quais ao fim de um certo tempo, são libertados para madeireiros contumazes. E, o fato mais infeliz é que ninguém procura novos conhecimentos para re-utilizar ter ras degradadas. Ou exigir dos governantes tecnologias adeq u adas para revitalizar os solos que perderam nutrientes e argilas, tornando-se dominadas por areias finas (siltizaçao).

Entre os muitos aspectos caóticos, derivados de alguns argumentos dos revisores do Código, destaca-se a frase que diz que se deve proteger a vegetação até sete metros e meio do rio. Uma redução de um fato que por si já estava muito errado, porém agora esta reduzido genericamente a quase nada em relação aos grandes rios do pais. Imagine-se que para o rio Amazonas, a exigência protetora fosse apenas sete metros, enquanto para a grande maioria dos ribeirões e córregos também fosse aplicada a mesma exigência. Trata-se de desconhecimento entristecedor sobre a ordem de grandeza das redes hidrográficas do território intertropical brasileiro. Na linguagem amazônica tradicional, o próprio povo já reconheceu fatos referentes à tipologia dos rios regionais. Para eles, ali existem, em ordem crescente: igarapés, riozinhos , rios e parás. Uma última divisão lógica e pragmática, que é aceita por todos os que conhecem a realidade da rede fluvial amazônica.

Por desconhecer tais fatos os relatores da revisão aplicam o espaço de sete metros da beira de todos os cursos d’água fluviais sem mesmo ter ido lá para conhecer o fantástico mosaico de rios do território regional.

Mas o pior é que as novas exigências do Código Florestal proposto têm um caráter de liberação excessiva e abusiva. Fala-se em sete metros e meio das florestas beiradeiras (ripario-biomas), e, depois em preservação da vegetação de eventuais e distantes cimeiras. Não podendo imaginar quanto espaço fica liberado para qualquer tipo de ocupação do espaço. Lamentável em termos de planejamento regional, de espaços rurais e silvestres. Lamentável em termos de generalizações forçadas por grupos de interesse (ruralistas).

Já se poderia prever que um dia os interessados em terras amazônicas iriam pressionar de novo pela modificação do percentual a ser preservado em cada uma das propriedades de terras na Amazônia. O argumento simplista merece uma critica decisiva e radical. Para eles, se em regiões do centro-sul brasileiro a taxa de proteção interna da vegetação florestal é de 20%, porque na Amazônia a lei exige 80%. Mas ninguém tem a coragem de analisar o que aconteceu nos espaços ecológicos de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, e Minas Gerais com o percentual de 20%. Nos planaltos interiores de São Paulo a somatória dos desmatamentos atingiu cenários de generalizada derruição. Nessas importantes áreas, dominadas por florestas e redutos de cerrados e campestres, somente o tombamento integrado da Serra do Mar, envolvendo as mata s atlânticas, os solos e as aguadas da notável escarpa, foi capaz de resguardar os ecossistemas orográficos da acidentada região. O restante, nos “mares de morros” , colinas e várzeas do Médio Paraíba e do Planalto Paulistano, e pró-parte da Serra da Mantiqueira, sofreram uma derruição deplorável. É o que alguém no Brasil – falando de gente inteligente e bioética – não quer que se repita na Amazônia Brasileira, em um espaço de 4.200.000 km².

Os relatores do Código Florestal, falam em que as áreas muito desmatadas e degradadas poderiam ficar sujeitas a “(re)florestamento” por espécies homogêneas pensando em eucalipto e pinus. Uma prova de sua grande ignorância, pois não sabem a menor diferença entre reflorestamento e florestramento. Esse último,pretendido por eles, é um fato exclusivamente de interesse econômico empresarial, que infelizmente não pretende preservar biodiversidades. Sendo que, eles procuram desconhecer que para áreas muito degradadas, foi feito um plano de (re) organização dos espaços remanescentes, sob o enfoque de revigorar a economia de pequenos e médios proprietários: Projeto FLORAM. Os eucaliptólogos perdem éticos quando alugam espaços por trinta anos, de incautos proprietários, preferindo áreas dotadas ainda de solos tropicais férteis,do tipo dos oxissolos, e evitando as áreas degradadas de morros pelados reduzidas a trilhas de pisoteio, hipsométricas, semelhantes ao protótipo existente no Planalto do Alto Paraíba, em São Paulo. Ao arrendar terras de bisonhos proprietários, para uso em 30 anos, e sabendo que os donos da terra podem morrer quando se completar o prazo. Fato que cria um grande problema judicial para os herdeiros, sendo que ao fim de uma negociação as empresas cortam todas as árvores de eucaliptos ou pinos, deixando miríades de troncos no chão do espaço terrestre. Um cenário que impede a posterior reutilização das terras para atividades agrárias. Tudo isso deveria ser conhecido por aqueles que defendem ferozmente um Código Florestal liberalizante.

Por todas as razoes somos obrigados a criticar a persistente e repetitiva argumentação do deputado Aldo Rebelo,que conhecemos ha muito tempo, e de quem sempre esperávamos o melhor, no momento somos obrigados a lembrar a ele que cada um de nós tem que pensar na sua biografia, e , sendo político, tem que honrar a historia de seus partidos. Mormente,em relação aos partidos que se dizem de esquerda e jamais poderiam fazer projetos totalmente dirigidos para os interesses pessoais de latifundiários.

Insistimos que em qualquer revisão do Código Florestal vigente, deve-se enfocar as diretrizes através das grandes regiões naturais do Brasil, sobretudo domínios de natureza muito diferentes entre si, tais como a Amazônia, e suas extensíssimas florestas tropicais, e o Nordeste Seco, com seus diferentes tipos de caatingas. Tratam-se de duas regiões opósitas em relação à fisionomia e à ecologia, assim como em face das suas condições socioambientais. Ao tomar partido pelos grandes domínios administrados técnica e cientificamente por órgãos do executivo federal, teríamos que conectar instituições específicas do governo brasileiro com instituições estaduais similares. Existem regiões como a Amazônia que envolve conexões com nove estados do Norte Brasileiro. Em relação ao Brasil Tropical Atlântico os órgãos do Governo Federal – IBAMA, IPHAN, FUNAI e INCRA – teriam que manter conexões com os diversos setores similares dos governos estaduais de norte a sul do Brasil. E assim por diante.

Enquanto o mundo inteiro repugna para a diminuição radical de emissão de CO2, o projeto de reforma proposto na Câmara Federal de revisão do Código Florestal defende um processo que significará uma onda de desmatamento e emissões incontroláveis de gás carbônico, fato observado por muitos críticos em diversos trabalhos e entrevistas.

Parece ser muito difícil para pessoas não iniciadas em cenários cartográficos perceber os efeitos de um desmatamento na Amazônia de até 80% das propriedades rurais silvestres. Em qualquer espaço do território amazônico, que vem sendo estabelecidas glebas com desmate de até 80%,haverá um mosaico caótico de áreas desmatadas e faixas inter-propriedades estreitas e mal preservadas. Nesse caso, as bordas dos restos de florestas, inter-glebas ficarão à mercê de corte de arvores dotadas de madeiras nobres. E além disso, a biodiversidade animal certamente será profundamente afetada.

Seria necessário que os pretensos reformuladores do Código Florestal lançassem sobre o papel os limites de glebas de 500 a milhares de quilômetros quadrados, e dentro de cada parcela das glebas colocasse indicações de 20% correspondente às florestas ditas preservadas. E, observando o resultado desse mapeamento simulado, poderiam perceber que o caminho da devastação lenta e progressiva iria criar alguns quadros de devastação similares ao que já aconteceu nos confins das longas estradas e seus ramais, em áreas de quarteirões implantados para venda de lotes de 50 a 100 hectares, onde o arrasamento de florestas no interior de cada quarteirão foi total e inconseqüente.

Regozijo com a mediocridade

14/07/2010, Opinião, Carlos Lessa


Em recente seminário, discutia-se a situação atual e as perspectivas da economia brasileira. Alguém fez o discurso completo da euforia: as reservas internacionais estão grandes; os preços de nossos principais produtos de exportação estão relativamente elevados e têm sofrido menos que diversos bens industrializados; o emprego vem crescendo (se bem que o salário real médio esteja declinante); há um aumento no número de famílias de classe média, pois, aparentemente, a família que detém por mês R$ 1.400 deixou de ser pobre; nos últimos quatro anos a economia brasileira cresceu quase 4% ao ano, sendo portanto nitidamente superior aos medíocres 2,3% ao ano das décadas anteriores.

O discurso da euforia terminou com a afirmação categórica de que agora vamos para a prosperidade permanente, pois atingiremos, em breve, um patamar de crescimento de 5,5% ao ano. Alguém do auditório perguntou como seria possível ao Brasil crescer a essa taxa, de forma sustentada e por muitos anos, tendo uma taxa de investimento macroeconômico um pouco superior a 18% do PIB e que o país necessitaria elevar a taxa de investimento macroeconômico para 21% a 22% do PIB e precisaria elevar a taxa de investimento público (inclusive estatais) de 3,5% para 6%, caso pretendêssemos crescer 5% ao ano -o que é um bom desempenho em relação ao Primeiro Mundo, porém absolutamente medíocre em relação à China e à Índia.

Fiquei estarrecido quando ouvi a resposta do conferencista, que afirmou que o Brasil não precisa elevar a taxa de investimento muito acima de 18% porque a estrutura de crescimento do país tem "alta produtividade de capital", ou seja, nos é possível produzir um mesmo aumento de PIB com menos investimento que outras economias.

A resposta elegante é a de um conservador que pensa um Brasil para o futuro permanente produtor e exportador de matérias-primas e alimentos; sabe que a expansão agropecuária exige infraestrutura energética e de transporte, a cargo do setor público. De forma oculta, se manifesta contra a industrialização; desconhece que 80% da população é urbana e 50% é metropolitana. Vale a pena visualizar a planta baixa desse pensamento conservador. Ele sabe que a energia solar, um bom regime climático e solos agrícolas de alguma qualidade produzem grãos (soja, milho, arroz, feijão, amendoim etc.); produzem matérias-primas vegetais (algodão, mamona, cana-de-açúcar, etanos, óleo de palma etc. e até madeira para papel); produzem capim e leguminosas que bois, carneiros e cabras transformam em proteína vermelha.

Com bastante facilidade, os grãos e os resíduos de seu beneficiamento servem para rações que nutrem aves de corte, porcos e, agora, peixes da piscicultura organizada. Tudo isso acontece no perímetro do estabelecimento agrícola e o desempenho depende da variedade de semente, grau de correção e fertilização do solo, combate às ervas daninhas e alguns insetos esfomeados; porém, a variável não controlável é o estado de humor de São Pedro. Derrubar mata virgem, utilizar caixa de fósforo, já garante uma terra com início de fertilidade. Prosperando, o estabelecimento irá comprar máquinas agrícolas, constituir um estoque de fertilizantes e defensivos agrícolas, construir algumas edificações e, se não tiver ligação com nenhuma rede elétrica, instalar um gerador a diesel. São relativamente reduzidos esses investimentos.

No momento em que o produto sai do estabelecimento agrícola, quase sempre por caminhão, segue para um porto preparado para carregar graneleiros. Com a mecanização, o circuito agrícola gera poucos empregos e, nos momentos de colheita, subcontrata (via "gatos") a população boia-fria, que ostenta padrões de quase miséria - esse foi o Brasil da República Velha, que reaqueceu o coração dos conservadores com a difusão neoliberal do sonho da globalização.

Nosso conferencista conservador, que não gosta de industrialização e desconhece a distribuição espacial demográfica do povo brasileiro, percebe no Brasil fontes hidrelétricas a serem exploradas e, a partir do pré-sal, uma enorme reserva de combustível não renovável. Isso lhe alimenta o sonho de converter o Brasil num enorme exportador de óleo cru, baratear a gasolina que utiliza e o óleo diesel com que alimenta suas máquinas agrícolas. Para a hidreletricidade, como despreza o povo urbano, propõe que o Brasil seja favorável a indústrias eletrointensivas. Vê, satisfeito, a energia de Tucuruí ser exportada sob a forma de lingotes de alumínio. Não se opõe ao Brasil exportar couro verde para a Itália, Hong Kong e China fazerem calçados que tiram espaço das indústrias calçadistas gaúcha e paulista.

O conferencista conservador não vê problema no reduzido investimento público em infraestrutura urbana; pouco se preocupa com a qualidade dos serviços sociais, notadamente a péssima qualidade da educação; confia na lógica dos mercados e desconfia da nação, porém é amante dos incentivos fiscais e linhas de crédito favorecidas; gosta imensamente dos altos juros do Banco Central, pois como lhe é permitido reter dólares no exterior, pode - via paraísos fiscais - aplicá-los no mercado financeiro mantido nas alturas pelo dr. Meirelles.

A manutenção da atividade industrial se baseia num avassalador endividamento familiar. Os juros altos favorecem o rentismo e é sonho de muitos empresários terem um pé no mercado financeiro. Na renda nacional, é elevadíssima a participação dos rendimentos que não proveem do trabalho.

Em tempo, nesse mesmo seminário, alguém debochou da ideia de um projeto nacional: "Isto é coisa de chinês". Porém eles prosperaram quando perceberam que exportar era a solução.

Carlos Francisco de Lessa é professor emérito de economia brasileira e ex-reitor da UFRJ. Foi presidente do BNDES; escreve mensalmente às quartas-feiras.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Um sorriso

Um sorriso pode se transformar em muitas coisas
Já que contém mais do que a alvura dos dentes.
É mais do que de felicidade momentânea
Antes, fantástica matéria-prima,
Como laranja madura que vira o suco amarelo
E cheira melhor do que inúmeras manhãs de sol.

Variando o ângulo o sorriso reflete, se calor, flores campestres
E sob outro olhar, chuva litorânea, infinitas gotas de vida.
Quando ouve a primavera, sutil, vira um pequeno e incerto cristal
E pequenas estrelas no calor, principalmente ao vinho
Em prazer quando a madrugada escorre pelos corpos
Explodindo em uma risada de tamanho poder
Que despedaça a janela, as paredes do quarto púrpura
E ameaça toda a textura da realidade.

Caso me ames

Despido de pele e músculos
Vejo meus órgãos caindo
Meus ossos derretendo
Nervos esticando até romperem
Produzindo um barulho
Estalidos e borbulhas
Como um gargarejo
Que abafa a palavra amor

Só o vaso sagrado de teu corpo
Caso me ames
Pode me curar da maldição
E devolver o brilho dourado à minha vida.

Réquiem para D. Camélia

A morte é a melhor pergunta de todas. Negatio, diz Descartes, est determinatio. É por conta da morte que procuramos um sentido para a vida. Não me atrevo a dar sugestões, mas sei que está pensando nesse sentido agora. De minha parte, fico com Guimarães, a verdade está na travessia. Alguns procedimentos são essenciais, claro, como tentar a felicidade, a saúde, o bem-estar do próximo. Liberdade também é bom, e contém perseverança e convicção, quase coragem. Honra é de Deus, não é de homem. De homem é a coragem!...

Ocorre que minha vó, Dona Camélia Vitelli de Oliveira, 96, faleceu. Não conheço os detalhes de sua biografia. Era mãe de meu pai e nasceu no Brasil, fillha de pais italianos recém migrados – sua irmã, um pouco mais velha que ela, nasceu (ao que me consta) ainda no navio – e casou cedo com João Azevedo, com quem teve dois filhos, meu pai Décio e minha tia Júnia – a maior fortaleza que já se viu, na forma terna de cuidado, compreensão e amor. Formou-se advogada, grande orgulho, e trabalhou por longa data no Instituto Adolpho Lutz, além de ter lecionado música, se não me engano inclusive em um conservatório. Fumou até os 90 anos, brigou por suas opiniões e, mesmo diabética, comeu sempre o que quis.

Era uma pessoa culta e avançada para sua época, gostava de literatura e se mantinha sempre informada sobre o mundo. Apresentou-me o decoro das artes liberais e o refinamento do paladar. Também apreciava jogar baralho (buraco) e acumulou vitórias sobre os netos. Ensinou-me a ler partitura e a ter mais intimidade com o jornal, ensinou-me a conviver com livros e ter uma biblioteca. Sobretudo ensinou-me a firmeza de caráter e a força da convicção. Mostrou que isso tem a ver com uma vida boa, pois é mister determinação para garantir a validade de nossos desejos, de nossas convicções.

Viveu, pois, como quis – maior de todos os ensinamentos. E morreu, também, quando quis. Aprendamos!

segunda-feira, 31 de maio de 2010

O BÚFALO

para Paulo

O búfalo, animal interessante
tão grande que assusta
negro, peludo, enormes chifres
grave mugido, tensão
Ah! Mas tem olhos tão delicados
que ao vê-los mostra-se toda beleza da vida.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

CANTORIA

Cantoria tão bela que mais parecia a paz
Elomar entoando uma louvação
Como mágica uma moça passava sobre as cabeças
Em um teleférico particular, bruxa e anjo
Mais acima, um avião atravessava os céus
(achei que fossem se chocar).
Fiquei pensando, embalado pela música:
Havia algo acima de nós todos, naquele instante?

quinta-feira, 20 de maio de 2010

O GRITO

Para Edvard Munch

Do peito heróico dos cavaleiros iluminados
retumba, indomável e imponente, o brado,
regurgitado dos anseios, dos subterrâneos,
por aqueles soterrados pela vileza da história.

Canto lírico de força astral e incontrolável,
subverte, pelo poder de sua sutileza angelical,
o estado de ignomínia da ordem universal,
derrubando todas as leis da física de Newton,
e os monumentos da arquitetura neoclássica.

Impele, sobre montes infindáveis de sujeira
e lama, por sobre todo o asco da degradação,
multidões com flores rojas, empunhadas contra
senhores gélidos e arenosos. Flores solenes.

Aí, no deserto dos corações ressentidos se
porá, como no milagre da ressurreição de
Lázaro, uma enchente avassaladora de si.
E de belezas tantas que toda arte se curvará.
(ainda é manhã, cedo, na aurora dos tempos).

Um cigarro em um momento de profunda reflexão ou necessidade

o
fósforo
risca
a
faísca
que ascende

o
cigarro
acende
e
rescende,
logo ratifica,

a
brasa,
que arde
na
tarde –
(dormente) –

e a
fumaça
quente
do
presente,
(que ressente

o
gosto
doce
que
foi-se,
ou retirou-se).

a
alma, o
desafago
e o
trago
(amargo).

O etéreo pesar do ar,

a
gritar,
em
    franco
    desespero:
 – fósforos,
    por
        favor
!
Andando ao léu
               O sol no apogeu
Você me apareceu
              Irrefletida no céu

Sidnei Magal e a virada cultural

Ô Magal, pega a minha mãe! gritou o rapaz no início do show do Sidnei, já no início da madrugada. Enquanto eu ria, a pessoa que vinha com o rapaz, como que justificando disse: “Já pensou ter um pai firmeza assim?” De pronto pensei que finalmente encontrara o mote perfeito para essa crônica. A pretensão inicial, de tentar definir o que é a virada, certamente não se concretizará.  Mas a frase inesperada, com tanta gente tão diferente se divertindo – desde os filhos de pais meio ricos e meio de esquerda até a moça da periferia que caiu sobre mim ao tentar subir nos ombros do namorado, passando pela desconhecida que meu conhecido flertava, por mim e pela bela que me acompanhava – naquele momento se fez como máxima determinatio.
A apresentação, feita por Rita Cadillac, seguida pela bombástica "O meu sangue ferve por você", foi tão violentamente popular que arrastou o Largo do Arouche em êxtase. A forma particular da mistura que marca a cidade, com suas situações típicas e as diferenças  sociais tão profundas, encontrou ali uma maneira especial de se manifestar. Não que essas diferenças sumissem ou mesmo se amenizassem. Outras coisas tem que acontecer para encerrar a luta de classes. Mas o que me impressionou foi o domínio popular alcançado por instantes. É das coisas que mais me agrada na virada: o povo da cidade se apropriando do que é seu, mas é constantemente negado.
Porque a virada, que só poderia acontecer na gigante São Paulo, terra da garoa certa, da esperança incerta, do trabalho, incessante - principalmente do povo pobre, em constante luta pela sobrevivência e pela felicidade - tem a mágica capacidade de fazer da cidade, ao menos por 24h, um lugar de alegria. Claro que isso não é uma crítica de arte, tampouco uma análise política. Tem mais a ver com uma impressão sobre a natureza da cidade e das pessoas, sobre uma multidão que só poderia se reunir, desse jeito, na maior cidade do hemisfério sul, com suas quase 17 milhões de almas, em uma cidade que é enorme também em sua diversidade. E acontece principalmente no sua bela região central - Ah! mas tão abandonada que o amante da descuidada Iracema teria um motivo a mais de lamento. A virada me mostrou que a dureza é muita, mas a vontade de superá-la também é maior ainda. E quando transborda, mesmo ao som do Sidnei Magal, arrasta a multidão.

PS: Depois escrevo sobre a Cantoria, tão bela que me pareceu a paz.
Te amo tanto que nem cabe em mim
Talvez por isso eu chore
lágrimas obtusas que quicam nas arestas de minha alma.

Sou muito feliz por causa disso
Já que o amor é a melhor de todas as coisas
Ainda que olhando pra trás veja somente o rastro de um furacão.
 
Sou ao mesmo tempo como um poço
cheio de saudades, diferentes entre si
mas tampado pelo mesma angústia de concreto que me sufoca.
 
Viver é um grande trabalho
uma busca incessante por sentido e pertença
cujo significado encerra erros e alegrias na mesma existência turva. 
 
Só me resta escrever coisas
Sobre, contra e a favor do amor
única realidade que conheço, que me despedaça enquanto tento juntar.

Iniciando a vida de blogueiro

Olá a todas e todos!
Inicio agora minha vida de blogueiro com essa modesta página. Espero que gostem do que publicarei aqui. Um pouco de literatura, minha e de outros, famosos e anônimos, desde que me encantem. Poesia e prosa. Um pouco de política, buscando ajudar na construção de um outro mundo, mais justo e belo - socialista! E algumas bobagens, pra diversão minha e, espero, de quem ler. Desde futebol até curiosidades, passando por quadrinhos e sugestões de programas culturais.
Beijos