quarta-feira, 24 de abril de 2013


Poesia é água que estraçalha
barragens, ressacas, economias periféricas
Escorre no furo, no gargalo e na hemorragia
Mata a sede e afoga
Mágoas, náufragos, Jimi Hendrix

Prova que falar é fácil, dizer é difícil
Prova comidas exóticas, sexo bizarro
Prova, quântico, que não há provas
E muitas coisas mais, irrisórias e fantásticas
Pentelhos, filosofia, a genética e o Corinthians

Um físico falando do Big Bang a um padre
Um carola rezando pela alma de um bárbaro
Aquilo que não cabe nas palavras
Nem na cesta, no pote ou no útero
Mas dizemos mesmo assim

sábado, 13 de abril de 2013

Presságio II


Um vasinho, com flores pequenas
abandonado, entregue no meu jardim
Faz lembrar uma estória, uma fábula
Moisés, Rômulo e Remo
um fato especial, uma nova vida

Criança maior que o mundo
Foi profeta e general, foi renascimento
Anúncio de boa vida e apocalipse
revelação para o crente e libertação
Agora adquire consistência material, na barriga

Para o poeta e para o pai,
 surpresa, evento cósmico, amor mesmo
o fantástico, dos brotos e dos sonhos
Abandonado, entregue no meu jardim
um vasinho, com flores pequenas.