quinta-feira, 20 de maio de 2010

O GRITO

Para Edvard Munch

Do peito heróico dos cavaleiros iluminados
retumba, indomável e imponente, o brado,
regurgitado dos anseios, dos subterrâneos,
por aqueles soterrados pela vileza da história.

Canto lírico de força astral e incontrolável,
subverte, pelo poder de sua sutileza angelical,
o estado de ignomínia da ordem universal,
derrubando todas as leis da física de Newton,
e os monumentos da arquitetura neoclássica.

Impele, sobre montes infindáveis de sujeira
e lama, por sobre todo o asco da degradação,
multidões com flores rojas, empunhadas contra
senhores gélidos e arenosos. Flores solenes.

Aí, no deserto dos corações ressentidos se
porá, como no milagre da ressurreição de
Lázaro, uma enchente avassaladora de si.
E de belezas tantas que toda arte se curvará.
(ainda é manhã, cedo, na aurora dos tempos).

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