sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Salve o Corinthians

O Corinthians comemora seu centenário. Um século de vida, lutas e glórias. E, como diz o poeta, viver é muito perigoso. Quer dizer que a vida não é fácil e que aquele que reconhece essa condição pode vivê-la mais plenamente. Também por isso sou corintiano, maloqueiro e sofredor – pela realidade da vida, que só pode nos trazer tantas alegrias e surpresas na medida em que, às vezes, também nos traz sofrimento.
Quando um clube, assim como uma classe social, se distancia da dureza material da vida, passa a viver em um mundo imaginário e a acreditar que esse mundo imaginário é a vida real. Tive o imenso prazer de estar presente na festa que aconteceu no Anhangabaú. Realmente, uma festa do povo, digna daquele time que, já na sua fundação foi marcado pela fala, profecia e vaticínio de um de seus fundadores, o alfaiate Battaglia: “O Corinthians é o time do povo, e é o povo quem vai fazer o time”. A imensa festa popular explicitou essa realidade com a força das multidões e a beleza da paixão, desde o tamanho da multidão reunida até a presença dos ídolos do Corinthians.
A festa teve seu ápice quando, embalados pelas baterias das torcidas organizadas, mais de 130 mil pessoas entoaram o hino do clube em uníssono. Tive então a honra de ser apenas mais um naquele povo, e a emoção de compartilhar o amor que mais de 30 milhões de pessoas dedicam, sem esperar nada em troca, à República Popular do Corinthians.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Suicida

Atirei-me do penhasco da vida, suicida e ansiosa
Sempre em busca de mais velocidade, mais atenção
Sempre confiando que não me arrebentaria no concreto
Mas faltaram as mãos que me segurariam pelo cabelo
Faltou o colo que me acalantaria em cafunés e fodas

O voo cego e a sensação de liberdade embotaram
meus sentidos de alumbramento, minha razão de loucura
E, aturdida, passei a confundir o êxtase com a liberdade
A buscar novas mãos e colos, novas paixões e gritos
Mas só então notei que a dor da queda pertence ao cotidiano

Descobrirei, logo, que meus desejos já estavam atendidos
E que sempre haverão novas vontades, já que sou infinita.