quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Sinestesia


Explode o sentido das palavras
quando sorrindo me agride,
procissão solitária de encantos.
O choro se torna azul, o sol vegetariano
o céu obtuso e as mesas adocicadas.
Derreto e escorro lenta, pesadamente
seguindo a eterna corrente das coisas
e a própria poesia se desfaz
como um copo plástico ao fogo.

Amo-te como a um objeto perfeito
rigorosamente esférico e translúcido
preparado desde o Gênesis
por um matemático, um alquimista
um poeta, um louco, uma puta.
Isento de arestas, de porosidades, de falhas.
Só amor, simplesmente.

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