quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Agrido

Mastigo lentamente palavras que misturo com vidro
Ruminando uma massa disforme de sangue e ódio
Que cuspo sobre flores e amores
Incapaz de resposta outra à solidão das coisas e miséria do mundo

Agrido atendentes, amigos, paixões e desconhecidos
Com precisão de punhal e força de um viking que se afoga
Mas a ferida maior é sempre em mim que dói
A ferida enorme e incurável da impotência

Não sou Raskholnikov, nem sofro do fígado
Ataco de forma racional, científica, só para sentir algo mais
A raiva com que me responde, então, confirma minha existência
Esvazia meu ser de angústias e me liberta de mim mesmo

A sinceridade do amor sem convenções agride:

Dor da criança nascendo, que ilumina toda existência.

Um comentário:

  1. Marcio, sua poesia tem algo novo, ela abre uma janela presencial para navegar o presente. Ora invoca figuras do passado tão apenas para dizer deles a ousadia que tiveram e mostrar a força viva rondando vc mesmo.
    Parabens, não tenho lido recentemente conteúdo de grande força intelectual.

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