domingo, 14 de janeiro de 2018

Fica mais um pouco, vai ter Boulos


“apresento em lugar do registro partidário todos os cem tomos de meus livros militantes” Maiakovski, A Plenos Pulmões
A candidatura de Guilherme Boulos está em debate no PSOL. Esse papo, no entanto, tem profundas implicações para fora do partido. Faremos uma conferência eleitoral com representação de todos os setores do partido ainda no primeiro trimestre, para tomar essa decisão de forma democrática mas sem que a gente se perca em um exaustivo processo de prévias. Defendo, com todo respeito aos demais postulantes, que o PSOL aprove o nome de Guilherme Boulos, mostrando maturidade e contribuindo com o processo de reorganização da esquerda, com ousadia e firmeza.
Essa reorganização da esquerda pós lulismo já começou, pelo menos desde 2013, com seus altos e baixos, idas e vindas. Esse é o elemento central do cenário político para nós. O pólo mais dinâmico desse processo é a Frente Povo Sem Medo, que sob a liderança do MTST consegue reunir diversos movimentos sociais em torno de uma plataforma contra o golpe e contra a retirada de direitos. O PSOL também ocupa um espaço de destaque nesse processo.
Com sua candidatura, o PSOL pode se transformar, ser mais popular e mais amplo. Na campanha vamos nos aproximar do MTST e de outros movimentos sociais, além dos artistas (por que não?), setores da classe média, gente descontente com o PT e gente procurando alternativa. Aumentar nossa relação com as classes populares certamente nos fará muito bem! Da mesma forma como será positivo o partido se ampliar e entrar em contato com gente de esquerda, mas que não reza em nenhuma das nossas cartilhas.
As eleições de 2018 serão um momento decisivo para o ciclo que vai se seguir. Mesmo com todas nossas fragilidades, acertamos na política, buscando uma crítica ao lulismo sem cair no moralismo anti petista. A maior expressão disso foram nossas posições na luta contra o golpe e a nossa participação na frente povo sem medo. Agora é hora de dar consequência a toda essa movimentação, e apresentar uma alternativa de voto e de política.
Não somos a única direção desse processo, mas acho decisivo que nosso pensamento esteja em contribuir de forma solidária e militante em um movimento que consiga agregar amplos setores da sociedade em torno de um programa de transformação social, contra a direita e por mais direitos. O PSOL pode ser decisivo nessa tarefa. E o resultado final pode ser algo muito maior do que temos hoje!
Essa renovação está expressa nas diretrizes programáticas da plataforma Vamos!, que prevê a reversão de todas as medidas anti populares de Temer e um plano para recuperar o emprego no país, coloca a questão das opressões no centro das formulações e aposta em um modelo de desenvolvimento que preserve o meio ambiente. Também está em sua construção, realizada de forma pública e participativa, através de dezenas de encontros presenciais e uma plataforma digital.
A reorganização da esquerda passa por um programa renovado. Esse programa deve partir da crítica das novas configurações do trabalho, do desemprego e o precariado, e também do racismo e do machismo como estruturantes na sociedade de classes. Adota o ponto de vista do ecossocialismo, combate o imperialismo e a financeirização e busca novas formas de pensamento e vida que respeitem a natureza e sejam mais solidárias. Procura formas mais democráticas e participativas de organização, desde a vida no partido até a gestão pública, e usa as novas tecnologias de comunicação para conectar pessoas em nossa causa.
Podemos ter, no próximo período, uma candidatura com expressão, apoio de movimentos sociais, especialmente do MTST, inserção social e que defenda um programa radical de transformação social. E que pode ser decisiva no futuro da esquerda do país. Não temos o direito de perder essa oportunidade.
Guilherme Boulos, liderança do mais importante movimento social do país hoje, tem um sólida formação e é um lutador social calejado. É o melhor nome para ser o porta voz do projeto de reorganização de uma nova esquerda pós lulismo nas próximas eleições, sendo candidato a presidente da república pelo PSOL.

10 comentários:

  1. Mas, já que você deve estar mais próximo, diga também se o Boulos aceitará a proposta que alguns setores do PSOL fizeram. Estamos na metade de janeiro e até agora não temos resposta. Enquanto isso os outros quatro pré-candidatos estão fazendo campanha. Se a decisão da candidatura for tomada pela composição atual do Diretório Nacional do partido o resultado seria óbvio...

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    1. Gabriel Manhães Barreto14 de janeiro de 2018 às 09:09

      OBS: me confundi e acabei publicando como anônimo, não vi que tinham outras opções.
      Gabriel Manhães Barreto

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  2. O problema é que o PSOL quer ser tão democrático que perde tempo. Enquanto outros partidos já estão com um nome nas ruas, nós estamos AINDA, decidindo o nosso. Haverá muitos candidatos da direita e se nós da esquerda formos capazes de nos unir em prol de uma única candidatura que tenha moral para apontar as canalhices e apresentar propostas reais e estruturadoras de saída deste atoleiro, teremos larga vantagem.

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    1. Democracia não é perda de tempo... A direita tá se engalfinhando sem saber o que fazer... 2018 será quente!

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  3. Eu não sei sabe. Tento me aproximar do psol para uma possivel filiação a 10 anos. Mas se digo que sou trans-louco, o psol não surge alguem que conversa e que queira explicar o partido. Eles só te chamam quando pede filiação para no dia seguinte ir num evento e se filiar. Não é assim mesmo sendo louco, que eu entendo entrar num partido. E acho estranho em 10 anos nunca conseguir me comunicar direito mesmo tentando contato com pessoas do partido. Estudei ciências sociais, e queria que locke não esteja certo...

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  4. Tem como ser o Guilherme e a Sonia na chapa?

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  5. Marcio Rosa, gostei do artigo. Titulo bem criativo e carinhoso e posição política correta. Espero que com a confirmação da candidatura, tenhamos Boulos. Abçs. Horácio Neto

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